Fita térmica ou revestimento cerâmico: Qual a melhor proteção térmica para escapamentos?
Gráfico comparativo extraído do vídeo do canal do YouTube @IslandWorks |
Navegando pelo YouTube, deparei-me com esse comparativo interessante em um canal sueco. Assista ao vídeo na íntegra (ative as legendas CC em pt-Br), depois vamos para as considerações.
No vídeo, foi montado um teste de bancada com duas versões da mesma peça: dois coletores de Porsche 964, sendo um deles enrolado com fita térmica e o outro com aplicação de revestimento cerâmico CERAKOTE®, que, pelo brilho, eu diria ser C-7300 Black Velvet. Apesar de citar no vídeo que foi realizado o revestimento por dentro, acho bem improvável; CERAKOTE® é borrifado com uma pistola de pintura HVLP, e é impossível pintar tubos por dentro com uma pistola, a não ser que tenha sido feito antes de soldar suas partes.
Ainda sobre o revestimento interno, CERAKOTE® exige a completa limpeza e descarbonização da superfície, além de jateamento para obter a rugosidade necessária para a ancoragem do pigmento. Esse é o motivo de não fazermos a pintura interna em peças muito usadas (óleo e carbonização). O jateamento interno de tubos atualmente só é possível em tubos retos ou com curvas de grande raio, utilizando equipamento específico para esse fim. O máximo que podemos fazer é aplicar até onde os olhos possam alcançar, em torno de 15~20 centímetros em turbos a partir de 2", o que já deve ajudar a conduzir bem o calor.
Voltando ao vídeo, o teste realizado utiliza como fonte de calor uma pistola de ar quente, e para leitura da temperatura, um termômetro laser. A pistola de calor produziu o máximo de 160 ºC antes da saturação, que é quando o calor emitido chega ao pico e não passa disso. Para efeitos comparativos, é o suficiente.
A medição foi realizada a cada 15 segundos, a fim de gerar o gráfico que ilustra o topo deste artigo, sendo o primeiro teste realizado no coletor com fita térmica (Termotape). Ao atingir a temperatura de saturação (160 ºC), a fita térmica começa a soltar uma fumaça que é comum e extremamente normal nas primeiras horas de uso.
Na vez do revestimento cerâmico, sem surpresas. O revestimento da série C, Black Velvet é perfeitamente inerte desde o primeiro uso, sem fumaça e nem cheiro, além de tolerar temperaturas extremas, na faixa dos ~1050 ºC, de forma repetitiva e durável.
O que é melhor?
Ao final do vídeo, a conclusão é que a fita térmica segurou mais calor, cerca de 10 ºC a mais, mesmo assim, ele preferiu optar pelo CERAKOTE® (Ué?!). Veja a seguir o que pode ter influenciado essa decisão.
Depende do projeto, prazo e orçamento; ambos têm vantagens e desvantagens nesses quesitos. Vamos começar falando da fita térmica.
Fitas térmicas
Os diversos tipos de fitas térmicas oferecidas pela Metal Horse |
Atualmente, a mais conhecida e popular no Brasil, todos sabem exatamente o que é quando escutam o seu nome: termotape, manta térmica ou fita térmica. É encontrada em diversas cores, tamanhos e materiais, sendo os mais recomendados fibra de cerâmica ou titânio, apesar de ainda ser encontrada fita de fibra de vidro.
É inegável que a fita térmica funciona muito bem na contenção do calor, afinal, é uma barreira física grossa, por volta de 1,5mm a 2mm. Tem um apelo estético old school que fica muito legal em motocicletas, pode ser feita em casa e não requer tempo de cura; em poucos minutos, está pronta para rodar.
"O que ferra a fita é sujeira e atrito"
André Gonçalves, Metal Horse
No entanto, a beleza da coisa não dura muito tempo, necessitando de manutenção e até substituição completa de tempos em tempos, ao ser exposta ao calor, o material perde parte da sua elasticidade, não sendo possível o seu reaproveitamento. Outro problema é a absorção de fluidos, água, óleo, solventes e combustíveis em caso de vazamentos, que não somente é muito danoso ao metal, acelerando a oxidação e ferrugem no sistema de escape, como também torna o material inflamável e perigoso em caso de incêndios no cofre do motor.
Revestimentos cerâmicos
Algumas cores para altas temperaturas da CERAKOTE® |
De longe, a melhor opção se você está em busca de um aspecto limpo e permanente. O revestimento cerâmico não perde a sua elasticidade quando exposto ao calor repetitivamente; logo, não requer manutenção, a não ser que tenha sofrido forte impacto ou abrasão, expondo o metal abaixo (Muito raro). Outro motivo para a manutenção seria a estabilidade de cor. As cores mais consistentes são sempre as mais escuras; elas sempre terão mais tolerância ao calor.
Cores como Glacier Gold podem ficar esbranquiçadas se expostas a temperaturas superiores às especificadas na TDS (Technical Data Sheet). Nem vou citar outras cores como Blue Flame ou mesmo Hidden White, que tendem a amarelar; porém, isso jamais iria prejudicar a capacidade de dilatar e contrair com o metal, e nem de segurar o calor.
Falando de vantagens, o CERAKOTE® é a única proteção térmica que evita o contato da peça com a atmosfera, o que é importante em peças que costumam ficar vermelhas, incandescentes, como coletores, turbinas e downpipes. O contato do metal em estado crítico com o oxigênio acelera a ação da oxidação, gerando fissuras, porosidades e trincas.
A principal desvantagem são suas complicações técnicas, o que exige que você procure um profissional para fazer. O CERAKOTE® em casa é possível; você vai precisar de no mínimo uma cabine de jateamento que caiba o seu escape dentro, um compressor que consiga atingir a vazão necessária para essa cabine, e uma pistola de pintura HVLP decente. Outras coisas como acetona industrial, filtros coalescentes, ar comprimido limpo e de boa qualidade, EPI, etc., são acessórios obrigatórios apenas para quem deseja vender seu serviço, ou se tornar um aplicador certificado, como é o caso da KOTEWISE.
Os pigmentos de alta temperatura, utilizados para pintura em partes quentes, são os curados no Ar (séries C e Glacier), que levam ao todo, 120 horas para cura completa, são 5 dias! As raras exceções para altas temperaturas são os revestimentos Piston Coat e Micro Slick, que são curados no forno em apenas 1 hora, já podendo montar e utilizar a peça imediatamente.
Essas complicações vêm com seus custos, que variam conforme o tamanho da peça, além da cor que será utilizada. Cada pigmento tem composições e densidades diferentes, o que é bem difícil de precificar, e pega de surpresa os aplicadores novatos que não aprenderam a trabalhar com cobertura teórica e nem como calcular a área de um coletor e outras geometrias complexas.
Do recebimento da peça à entrega já curada e pronta para uso, leva em média 7 a 8 dias, mas houve projetos que levaram 30 dias, como disse anteriormente. Depende do tamanho.
Conclusão e Opinião
Coletores com CERAKOTE® e fita térmica |
Não acho que nem de longe os revestimentos cerâmicos vão substituir as fitas térmicas ou outras formas de proteção térmica; na verdade, acredito que elas trabalham muito bem juntas. Pense bem: se o problema da fita térmica é reduzir a vida útil das peças devido à retenção de umidade e à exposição atmosférica, por que não fazer um revestimento cerâmico antes para proteger o metal? E que tal, depois da fita instalada, aplicar o revestimento cerâmico por cima, deixando-a inerte à absorção de fluidos? São algumas das coisas que estamos testando, resultado da nossa parceria com a Metal Horse!
KOTEWISE e Metal Horse
Desde o início de 2024, a KOTEWISE passou a oferecer o leque de soluções térmicas da Metal Horse, somando ao seu portfólio de produtos para gerenciamento térmico de carros e indústria, e também inovando na combinação de cerâmica líquida com outros materiais mais tradicionais destinados ao mesmo fim.
Agora, além das modernas opções de revestimento cerâmico e o recém-lançado inconel®, também oferecemos a instalação profissional de fitas térmicas e reflexivas da Metal Horse.